Reutilizando cacos de para-brisas e de vidro temperado, Fátima Zaffonato encontrou em sua arte uma interessante forma de destinação aos resíduos
Enquanto a maioria das pessoas associa cacos de vidro de carro com lixo, acidente ou violência urbana, a cooperada Fátima Zaffonato vê arte. Inspirada pela percepção de que os cacos amontoados na rua, com o reflexo do sol, lembravam diamantes, Fátima tratou logo de recolhê-los, mesmo sem saber que destino daria para os resíduos.
A ideia de fazer luminárias, vasos e outros objetos de decoração em mosaico foi tomando forma e, ao ter o para-brisas de seu carro quebrado, descobriu com o funcionário de uma loja que o vidro automotivo não é reciclável, ou seja, além de render lindas peças de arte, seu hobby é uma solução ambiental.
“Sempre gostei de montar quebra-cabeças e, no mosaico, encontrei uma forma nova de juntar pedaços. Faço mosaicos nas paredes de minha casa, faço mosaicos lãs e linhas de tricô, faço fotografias que para mim também são mosaicos do mundo”, explica. Os objetos em caco de vidro temperado – denominados CacoZ, uma alusão ao seu sobrenome (Zaffonato) – são vendidos aos amigos e nas feiras do Dia do Artesão, realizadas na Agência Central, onde Fátima trabalha, na Unidade Comercial de Marketing.
A falta de destinação adequada para os vidros de para-brisas permite que a produção de Fátima seja intensa. O funcionário daquela mesma loja que a informou que o material não era reciclável, há oito anos, guarda até hoje para-brisas de carros antigos para a artesã, que não utiliza os cacos de acidentes, acreditando não trazer muita sorte.
Engana-se, entretanto, quem imagina que a peregrinação para por aí. “Passo em lojas que tiveram vitrinas quebradas pelos ladrões, converso com os políciais, que me ligam depois da perícia para buscar os cacos”, conta. Em 2010, o forte calor em Porto Alegre provocou a quebra de uma porta da Agência Central do banco e Fátima ganhou quatro caixas de vidros. “E assim vou seguindo… sempre inventando alguma coisa!”
Fonte: Conexão Online